
Lingerie - Das fitas à liberdade
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A palavra lingerie se originou, inicialmente, do latim: linum (linho) e, no francês é denominada de Linge - roupa branca - que se reportava a cor do linho. Em 1485, a palavra Linge foi denominada como Lingerie, significando comércio de roupa branca da peça intima do vestuário feminino caracterizado pela alta qualidade e com ornamentações.
As mulheres de Roma antiga nem imaginariam que as fitas de linho amarradas sobre seus seios pudessem evoluir tanto e se tornar uma vestimenta denominada sutiã e, muito menos, que esta peça seria versátil, prática, estilosa e adaptável para a silhueta e para a imagem feminina.
As peças que mais retratam a história da lingerie são o espartilho, a crinolina, o pantalloon e a chemise.
O espartilho ou stays ou corset foi à peça intima que mais se destacou do século XVI até o final do século XIX. Ele contornava a silhueta feminina moldando-a com o formato cônico (século XVI) e, após as décadas e séculos, no formato ampulheta (século XIX).
Era conhecido como “guarda seios”, pois estes se acomodavam no tecido rígido da indumentária que os pressionavam e os emergiam valorizando o corpo da mulher. As barbatanas do espartilho eram feitas de ossos da baleia que deixava a vestimenta dura e inflexível auxiliando, assim, na postura.
Na década de 1930 o espartilho foi feito com tecidos mais leves. Foram incorporadas alças largas na peça, para dar suporte aos seios e já não apertava mais tanto assim. A partir daí começa a surgir o formato do sutiã e, bem lentamente, o espartilho foi encurtando seu comprimento.
Com a primeira guerra (1914 – 1918) o espartilho foi “engavetado”. As mulheres precisaram assumir o papel de mantenedora da casa, além de cuidar dos filhos. Usar uma roupa que restringia os movimentos era a última opção do momento. Então, o espartilho foi substituído, neste período, pela cinta, porém as mulheres sentiam falta do contato de uma roupa “de baixo” para moldar e segurar os seios. E assim o sutiã chegou à vida das mulheres para proporcionar liberdade ao corpo. MAS... não foi muito bem aceito.
No final da década de 1940, período do pós-guerra, o estilista Dior ressurgiu com o espartilho nas suas criações. Ele criou um modelador “cintura-de-vespa” e o denominou como corpete e sua modelagem lembrou o espartilho do século anterior. Ele delimitava a cintura, deixando-a bem marcada, mas não com tanta pressão.
Como as mulheres mudaram seu estilo de vida, o espartilho/corpete eram vestimentas que não as representavam mais. Movimentar o corpo sem restrição de mobilidade era o desejo de todas. Mas somente na década de 1950 que o sutiã foi considerado essencial para o corpo feminino.
A segunda peça intima de destaque, na história da moda foi a crinolina ou saia de aros. É uma armação feita de aros de aço e por tecido da crina de cavalo e era usada sob a saia para dar volume (décadas de 1850 e 1860). Era incômoda, pouca prática, dificultava na locomoção, ocupava espaço e não permitia a aproximação das pessoas. Tem relatos que já chegou a ter 3 metros de diâmetro. Imagina... Que trabalhão e desconforto colocar e usar esta crinolina não é?
A terceira peça intima foi o pantalloon. Era uma “roupa de baixo” usado pelas mulheres no século XIX (década de 1800). Era um calção confeccionado com tecidos leves em tons pastéis. Seu primeiro comprimento foi até o tornozelo, depois subiu até o joelho e a cada encurtamento que tinha no comprimento da saia feminina, o pantalloon também era reduzido e assim foi sendo estruturado o modelo da calcinha.
Na década de 1920 (século XX) surgiu a “calcinha moderna” que é o modelo definido, atualmente, como calçolas da vovó. E, na década de 1970, com o lançamento do jeans Saint-tropez, surgiu um novo modelo de calcinha: a cintura ficou mais baixa para acompanhar o modelo da calça. A partir desta mudança no molde da calcinha, a indústria da lingerie enxergou as inúmeras possibilidades de criação e fabricação dos tipos de calcinhas.
A ultima peça intima de destaque na história da moda, é o chemise, usado no século XVI e XVII. Indumentária parecida com uma camisola e o seu uso tinha a finalidade de absorver o suor da pele, para que este não manchasse a roupa. Era de linho ou algodão e, como era a primeira peça a ser tocada no corpo, a sua cor tinha que ser branca. Quanto mais branco era o chemise, mais limpa a mulher se sentia no seu íntimo.
Na década de 1920 os trajes femininos começaram a mudar: os vestidos eram mais soltos, fluidos e não marcavam a cintura. A partir daí surgiu uma “roupa de baixo” mais fina e leve; o famoso slip dress que na época era uma espécie de anágua com tiras (releitura moderna do chemise de 1800).
A lingerie sempre existiu: cada época moldava a roupa intima conforme os costumes, as necessidades e a cultura. É a vestimenta que sempre irá existir.
Muitas mulheres não são adeptas ao uso do sutiã. Mas a “roupa de baixo” sempre fará parte do guarda-roupa. Pode ser o body, a bermuda modeladora, a calcinha hot paint, o adesivo para seios, a camisete e por ai vai...
Sempre terá uma peça intima disponível que atenda a todos os estilos, gostos e gêneros.



Com informações de Aletta Barreto
Administradora – Pós-graduada em Gestão de Pessoas
Designer de moda - Consultora de Estilo, Imagem e Lingerie.
Instagram: @aletta_barreto_